Passava eu um café, o sol entrava manso por entre frestas, o ar cheirava a hortelã.
O dia parecia estar felinamente espreguiçando-se, eu me sentia leve e plenamente satisfeito...harmônico.
Quando um calafrio estranho percorreu minha espinha, um toque gélido, cheio de presságios.
Vocalizei um brrrr, que frio estranho, esfreguei em "xis" meus braços e me ative ao café, o sol fugiu em pânico e a porta retumbou toc toc toc ...toc toc toc...
_Já vou! Respondi, levemente incomodado...TOC! TOC! TOC!...Abro a porta e em um instante a lufada de vento entra violenta, cheia de gritos de aflição, carregada de pragas, de ódios calados, de rancor subserviente, conchavos malignos, de planos de vingança, de dor, de fúria, de desesperança.
Em um instante tudo virou anos.
Quando o barulho da cafeteira me despertou do estado catatônico, foi um despertar de séculos, entre um abrir e fechar de portas, a cafeteira arfava feito um animal raivoso, as janelas batiam, panelas caiam, copos se quebravam, tudo sacudia, tremia, rangia e gemia como almas na danação.
O furacão passou rápido, fulminante, fatal.
Nada mais havia que lembra-se uma manhã lânguida e acolhedora de sol.
Eu estava com os ombros arqueados, pesava agora toneladas, tudo coberto por camadas e camadas de poeira, tudo feio, triste, cinza, tudo horrível, e eu também...
Tudo horrível e eu também...
Tudo horrível E EU TAMBÉM!
PARA SEMPRE!
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Estranho e aterrorizante, como um retrato em preto e branco com reflexos de cores quentes, de nossa condição de humanos à mercê do tempo e do acaso....
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