quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O tempo:

impiedoso ourives
lenta e letalmente
        ora
     irônico
        ora
   caprichoso
cumpre seu ofício, 
       sutil e
     silencioso

Como a água que
incansavelmente

        gota
           .
           .
           .
          a
           .
           .
           . 

         gota
           .
           .
           .

      insiste
    até esculpir
     formidável
      estalactite

O tempo:

       Nos elegeu
 sua matéria-prima
      e gentilmente
     nos convida
     à valsa suicida
 à  derradeira esgrima


  nessa coreografia
     de vida e morte
 lançamos nossa sorte:

      _Monsieur,
       en garde!
     S'il vous plaît 

   graciosos saltos
   rodopios elegantes
   e o golpe final virá:

       _Touché!

  Como que uma mesura 
        a nos lançar
    quase  com ternura
      na mais profunda
            cova
   na noite mais escura
   lacrando para sempre
      a nossa sepultura!

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

INÚTIL

Engolfado no universo da "desimportância"
Eu "desexisto" com perplexidade
Simples na deselegância
Complexo na simplicidade

As rimas fáceis da minha arrogância
São jogos vagos na vacuidade
Eu ignoro a significância
Para dar azo à sonoridade

Nessa gincana de irrelevância
Nesse balaio de futilidade
Vibram as odes à banalidade.
Entre um segundo
e outro
aleatório
em um infinito
permanentemente
transitório
De maneira
única  e vária
flutuamos
na matéria
Imaginária
logo sinto
que em alguma
esquina
desse
labirinto 
na surdina
ínfima
vítima
sob o signo
da negligência
fibrila
nossa
quintessência.